sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

A questão da masturbação

         


          Ao tratar deste assunto caro leitor, quero que saiba que não tomarei uma postura legalista sobre o tema, como geralmente ocorre entre alguns mestres e outros tantos "mestres". Tentarei dar suporte bíblico sendo o mais equilibrado possível, sem beirar o liberalismo que desconfiguram os mandamentos de Deus, nem o fanatismo religioso que tornam a obediência à Palavra quase impraticável. Então vamos lá!

        A masturbação é quase sempre tratada como um tabu dentro das igrejas. Os poucos líderes que comentam sobre o assunto não costumam ser francos o suficiente para que o jovem com problemas em relação a isso possa alcançar a ajuda espiritual que precisa. Por essa razão resolvi escrever sobre este tema e ajudar  jovens e adultos que tentam superar o vício da masturbação, que procuram orientação para aprenderem a lidar com este problema, esclarecendo também algumas questões fundamentais. Pois bem, o que é realmente a masturbação? ela é pecado? a prática da masturbação leva o cristão para o inferno?

        Antes de respondermos tais perguntas farei algumas breves considerações. Quando converso com algum cristão sobre qualquer tipo de problema espiritual causado pela prática de determinado pecado sempre coloco duas compreensões em sua mente: a primeira compreensão é a de que nenhum cristão é perfeito. Isso mesmo! Nenhum cristão é perfeito! E porque digo isto? Porque alguns líderes transmitem aos inconscientes de seus liderados, através de ensinos perfeccionistas e legalistas, a ideia de que ele perderá todo e qualquer vínculo com Deus sempre que falhar. Como se o Senhor exigisse de nós uma santidade absoluta. É necessário sabermos a forma como Deus nos enxerga quando pecamos para que possamos alcançar a libertação do pecado, não gerando dentro de nossos corações uma culpa destrutiva e agravante do erro. O próprio Deus reconhece que o pecado está impregnado na natureza humana: "Não há homem que não peque." (2 Crônicas 6:3), Ele se lembra que somos pessoas com deficiências, que as vezes nos deixamos levar por nossos desejos e emoções, que nem sempre estamos no ápice de nossa vida espiritual: "Pois ele conhece a nossa estrutura; lembra-se de que somos pó" (Salmos 113:14). Não veja Deus como um juíz violento e faminto por punição. O que nós devemos entender é que a santidade não significa não pecar, significa, antes de tudo, tentativas constantes e incansáveis de se obedecer aos princípios bíblicos, significa sentir-se desconfortável com o pecado e procurar removê-lo de nossas vidas.

       A segunda importante compreensão é a de que não é possível abandonar nenhum pecado enquanto negociarmos com ele. Como poderemos deixar o erro se em vez de tomarmos medidas drásticas para afastá-lo ficarmos negociando? ou seja, no lugar de sermos radicais, agirmos com tolerância e paciência diante da iniquidade? Há cristãos que em vez de eliminar o mal pela raíz vendem seu tempo e atenção ao pecado, sendo pagos assim, com problemas espirituais.

          Diante disso vamos às resoluções propostas no início do texto. A masturbação é a busca solitária  (a masturbação tratada aqui é aquela autoaplicada) pelo prazer sexual, uma vez que quem a pratica a pratica sozinho, ou em muitos casos, sozinha, já que este problema atinge também mulheres cristãs. O indivíduo estimula, manualmente ou por meio de objetos, seu órgão sexual a fim de obter prazer.

          A grande questão sempre abordada no debate sobre a masturbação é sobre o fato dela ser ou não um pecado. A bíblia não trata diretamente sobre esse assunto e a impressão que se tem em um primeiro momento é que não existe uma resposta definitiva. Mas afinal, a masturbação é ou não pecado? Para responder a essa dúvida gostaria de propor ao leitor um rápido exercício mental. Prometo não ser nada que o canse ou que o faça perder muito de seu precioso tempo. Então vamos à nossa pequena atividade: primeiro responda a si mesmo o seguinte: você acha que seria possível continuarmos vivos se não tivéssemos oxigênio disponível para respirarmos? Acha que é possível falarmos em médicos sem que doentes existam? que possamos falar sobre um peixe sem que consideremos a existência da água? Certamente suas respostas para todas essas indagações foram um "não" categórico. Sabe porquê? porque existem coisas que dependem de outras para existirem.

            Agora me responda outra coisa: É possível falarmos em masturbação sem falarmos em pornografia ou imagens mentais impuras? Alguém consegue se masturbar olhando para uma cadeira ou pensando em uma feijoada? claro que não! não há como separá-las! e já que uma depende da outra veremos o que a bíblia diz a respeito da pornografia e da impureza mental. O salmista assim declara: "Não porei coisa torpe diante dos meus olhos" (Salmos 101:3). Nesse texto o autor fala sobre sua decisão pessoal de  manter a pureza de seus olhos, nos lembrando da santidade que deve haver no olhar do cristão, não restando dúvidas de que a pornografia é, definitivamente, um pecado. E sobre a impureza mental? o que diz a bíblia? Veja esse texto: “Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai(Fp 4.8). Quem se masturba possui sua mente cheia de imagens mentais pecaminosas de nudez, sexo e brutalidade emocional. Diante do texto citado é inegável a ideia de que pensamentos impuros são também pecado. E sobre a pergunta da masturbação ser ou não pecado eu respondo: Ela é sim uma transgressão à Palavra de Deus!

              Finalizo essa reflexão reafirmando minhas palavras iniciais: Ninguém é perfeito e não podemos negociar com o pecado. De tudo o que disse quero que entenda que Deus é misericordioso e entende suas limitações pois sabe que você é um ser humano, porém ele precisa que você lute contra as suas vontades dia após dia, mesmo que seu avanço seja lento. Não se esqueça: Deus te ama e aposta em você!

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